Assistindo
à entrevista do deputado Jair Bolsonaro, no “Agora é Tarde” e vendo os
comentários abaixo do vídeo, dei de cara com uma daquelas briguinhas
entre “esquerdistas” e “direitistas”. Enquanto os esquerdistas
denunciavam a oposição, chamando-os de burgueses, fascistas, etc. Os
direitistas faziam o mesmo, chamando-os de comunistas alienados,
“esquerdinha caviar”, etc. Mas não estou aqui para discutir qual dos
dois é o “melhor”. Quero dizer, você realmente cai nesse papo? Você
realmente acredita que os ideais de seres humanos podem ser resumidos em
apenas “isso” ou “aquilo”?
Mais uma vez nossa sociedade insiste na
polarização e na guerra fria entre alguma coisa, seja lá o que for.
Queira ou não, é simplesmente impossível dividir o pensamento humano em
apenas duas opções. “Esquerda” ou “direita” são apenas duas idéias
prontas, para serem compradas por aquelas pessoas que não querem (ou não
conseguem) formular uma opinião própria. As pessoas vão simplesmente
olhar para as prateleiras da vitrine, e escolher entre um ou outro. Em
vez destas pessoas se perguntarem o porquê de ser de esquerda ou de
direita, vão simplesmente adquirir um. É como um pacote: Basta escolher
um, e junto você leva argumentos de bônus, para discutir com seus
amiguinhos da oposição.
Sempre que me vem na cabeça simplesmente
escolher um dos dois, eu imagino duas grandes máquinas: A da “esquerda” e
a da “direita”, cada uma produzindo os seus soldadinhos e se preparando
para a batalha. Eu não queria entrar no papo de alienação, mas vivemos
em um mundo, onde as idéias fazem as cabeças das pessoas, e não o
contrário. Pessoas têm preguiça de pensar, questionar e apenas pegam uma
ideologia pronta. É apenas mais uma guerra na nossa comunidade de homo
sapiens.
Mas afinal, qual dos dois nós precisamos escolher?
Simples: Não precisamos escolher nenhum! Afinal, nenhum dos dois está totalmente “correto”, nenhum
dos dois é totalmente democrático. Pois qualquer que seja o caminho que
você escolher, sempre irá se deparar com um lado transbordando dinheiro
pelo “brioco”, e outro lado morrendo de fome, sem saúde, sem segurança e
sem educação. Serão sempre dois extremos, sempre dois personagens. E
essas pessoas que defendem tanto o seu lado, apenas querem ser os
protagonistas da história! Querem ser as pessoas transbordando dinheiro
pelo seu “brioco”.
No fim, em meio à tantas repetições de palavras
da minha parte e de pensamentos da sua, esquerda ou direita, não
importam, são as mesmas histórias, com as mesmas figuras, contadas de
forma diferente e com atores diferentes. E se você não está interessado
na opinião de uma pessoa de classe média, que nunca passou por
dificuldades sérias (criado à leite com pêra), experimenta perguntar pra
alguém passando fome no meio da rua. Provavelmente ele não saberá do
que você está falando, mas mesmo que soubesse, não faria diferença
alguma,pois ele estaria de mãos atadas em ambas as escolhas.
Inc., Jornalista de Pixels, sem caminho pra seguir.